A IMPORTÂNCIA DA MUSICOTERAPIA NO TRATAMENTO DE INDIVÍDUOS DIAGNOSTICADOS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA _TEA

24/11/2022 17:12


Mara Coelho Maximiano

      (Mara Max)


           Se, no ambiente escolar, as atividades musicais costumam envolver um grupo heterogêneo de estudantes que compõem a classe, em um consultório, as possibilidades de atuação do musicoterapeuta tendem a ampliar-se, visto poder trabalhar as necessidades especificadas deste ou daquele indivíduo com TEA. É sabido que a síndrome pode estar presente em diferentes graus, comprometendo, portanto, de formas diferentes as pessoas por ela acometidas. Sob este aspecto, o musicoterapeuta pode utilizar as atividades musicais de forma direcionada propiciando tanto momentos de atenção individualizada quanto experiências de vivências musicais coletivas. (KERN et al., 2013)


             Por ser um profissional diretamente ligado à música, mas também capacitado para as questões relativas à saúde, o musicoterapeuta se diferencia neste processo e desponta como um profissional capaz de extrair do universo e das atividades musicais as melhores alternativas para auxiliar crianças, jovens e adultos com TEA a lidar com as limitações decorrentes da condição e a enfrentar os desafios cotidianos.


             As contribuições das terapias musicais em grupo para o desenvolvimento de habilidades relativas à comunicação, a melhorias no contato visual e nos níveis de atenção em crianças de 05 a 09 anos com TEA foram avaliadas por LaGasse (2014). Durante cinco semanas, sete crianças participaram de dez sessões musicais em grupo com duração de 50 minutos. Os resultados demonstraram que as terapias musicais em grupo tendem a promover melhorias nos níveis de atenção em portadores de TEA. De fato, as terapias musicais, ao ativar diferentes regiões cerebrais trazem aos autistas a oportunidade de trabalhar áreas do córtex cerebral que não são plenamente ativadas nas situações cotidianas. Desta forma, as atividades musicais possibilitam aos autistas a oportunidade de vivenciar situações que encontrarão reflexos em suas vidas. (LAGASSE, 2014)


            A qualidade dos serviços prestados por membros da Associação Americana de Musicoterapia a indivíduos com TEA foi tema de pesquisa de Kern et al (2013). O objetivo do estudo foi o de avaliar o status das práticas de musicoterapia disponibilizadas para pessoas com TEA, verificar a implementação de padrões e diretrizes nacionais empregados nas terapias propostas, assim como observar o nível de conscientização e as necessidades de treinamento de musicoterapeutas. Os resultados revelaram que os serviços de musicoterapia vêm se modificando ao longo dos tempos. Na atualidade, evidencia-se um incremento na demanda por estes serviços. Houve, igualmente, uma ampliação da faixa etária das pessoas com TEA que se beneficiam da musicoterapia. Uma outra alteração observada foi a busca por atendimentos domiciliares ou comunitários. Os profissionais avaliados utilizavam práticas atuais reconhecidas pela sua eficácia no tratamento de indivíduos com a síndrome. O estudo demonstrou, portanto, que há, por parte dos músicoterapeutas da Associação Americana de Musicoterapia, uma sólida compreensão sobre os serviços prestados a indivíduos com TEA. (KERN et al., 2013)


            Conforme evidenciado, a musicoterapia tem adquirido relevância no que concerne ao tratamento de autistas. Neste cenário, a capacitação profissional permite a realização de práticas musicais capazes de amenizar os déficits nas habilidades sociais e demais vulnerabilidades vinculadas a esta condição.


CONSIDERAÇÕES FINAIS


             Compreender, em plenitude, o funcionamento da mente de pessoas com TEA representa um dos grandes desafios para a medicina. Considerando que esta síndrome afeta os indivíduos em múltiplos aspectos e em variados graus, o surgimento de terapias complementares, a exemplo das atividades musicais, sinaliza novas perspectivas para a inclusão, na sociedade, de crianças e adultos com TEA.


             A musicoterapia, ao auxiliar o indivíduo de maneira mais direcionada, é capaz de reconhecer as áreas em que determinada criança ou adulto com TEA necessita de maiores cuidados e, assim, trabalhar aspectos específicos, com consequentes melhorias comportamentais, seguidas de incrementos nos níveis de socialização. 

     

             É, justamente, a partir dos estudos relativos aos efeitos da música sobre o sistema nervosos que surgirão novas possibilidades de aproveitamento consciente de atividades musicais para auxiliar crianças com TEA neste desafiador processo de socialização e de inclusão na sociedade.


REFERÊNCIAS

Kern, P. et al. Music Therapy Services for Individuals with Autism Spectrum Disorder: A Survey of Clinical Practices and Training Needs. Journal of Music Therapy, Volume 50, Issue 4, 2013, Pages 274-303. Disponível em: <https://doi.org/10.1093/jmt/50.4.274>. Acesso em 15/06/2019.


LAGASSE, A.BEffects of a Music Therapy Group Intervention on Enhancing Social Skills in Children with Autism. Journal of Music Therapy, Volume 51, Issue 3, Fall 2014, Pages 250-275, Disponível em:<https://doi.org/10.1093/jmt/thu012>. Acesso em: 04 de jun 2019.

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