A MEIO PASSO ?

03/09/2011 12:49

 

_A meio passo?

 

A passo e meio (passamezzo!)! Mais um pouco, percorreremos o mundo e isso não é pouco chão! Bem menos percorreram os naturalistas Johann Baptiste von Spix e Karl Philip von Martius e, nem por isso, deixaram de recolher, pelo caminho, profundo conhecimento e reconhecimento!

 

Só por estas bandas_ a Zona da Mata e o Sertão Mineiro _, estes dois notáveis integrantes da comitiva da Arquiduquesa D. Leopoldina_ e de sua “missão austríaca” (1817) _ registraram verdadeiras preciosidades e tiveram bem mais o que festejar que as bodas de D. Pedro I. Mas guardemos, por ora, os detalhes e a curiosidade; afinal, a viagem de Spix e Martius pelo Brasil é tema para muitos artigos e, certamente, algumas histórias e vídeos.

 

 O de hoje, que confirmem os coreógrafos, é um pouco mais antigo! “Tema de bodas?” “Quem sabe!” Mas não há dúvidas de que Duarte da Costa, ao formalizar sua união com as ricas terras do Brasil (1553) e assumir o governo-geral, preferiria fazê-lo ao som de um Passamezzo Antico ao de uma “Recercada de Puris e Coroados”!_ ponto em que diferia substancialmente de von Spix e von Martius.

 

Quem a eles assemelhava-se, ao menos no tange a registro, foi o compositor espanhol Diego Ortiz (1510-1570) autor da Recercada Primera sobre Passamezzo Antico _ tema do nosso próximo vídeo. Ortiz (1510-1570), sempre cioso de seu ofício, antecedeu, em praticamente três séculos, o rigor de Spix e Martius e tratou de catalogar sua significativa produção musical em livro e no renomado "Trattado de Glosas Sobre Clausulas y Otros Generos de Puntos en la Musica de Violones Nuevamente Puestos en Luz"_ ou, simplesmente, “Tratado de Glosa”, cuja publicação data de 1553.

 

Para o mestre de capela, Diego Ortiz, redigir suas glosas e outros livros não há de ter sido nenhum sacrifício; antes, divertimento! Como nos contam alguns livros, à época do Renascimento espanhol, a arte de “fazer variações” (glosas, ornamentações) ou, como se diz modernamente, a arte de improvisar era habilidade essencial a qualquer músico; talvez, por isso, tenha se tornado tema daquela obra-prima composta para viola da gamba _ o já mencionado Tratado.

 

Sem tempo para percorrer-lhe as páginas, diremos, “en passant”, que, nas finais, encontram-se as Recercadas sobre Passamezzo Antico (Recercadas sobre Passo e Meio Antigo) além de outras sobre Passamezzo Moderno (meio passo), Romanescas e Folias. Só para que fique registro, o Passamezzo Antico refere-se tanto a estilo de composição musical quanto a dança de fins da Renascença italiana, bastante popular na Europa. Aos que pedem outras referências, diríamos que se assemelha à Pavana e que, em seus aspectos estruturais, composições do tipo Passamezzo Antico apresentam, na voz baixo, padrão melódico repetitivo (ground) sobre o qual flutua melodia (instrumental ou vocal) com variações.

 

 Após esta exaustiva caminhada pelos vastos territórios da música e da dança, cremos estar a meio passo do vídeo! Um click e nos vemos por lá!

 

Hasta la vista y.....

 

 Hasta el Youtube

 

ANTIQUE

 

A los interesados en conocer un poco más sobre “A Glosa ou a Arte da Improvisação Instrumental no Renascimento Espanhol” recomenda-se leitura do artigo:" LA GLOSA O EL ARTE DE LA IMPROVISACIÓN INSTRUMENTAL EN EL RENACIMIENTO ESPAÑOL"

 

 

Contribuição: Mara Max

 

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