_ MUDANÇA DE HÁBITO?
_De hábito, de vestimenta, de tema e de postura! A mudança de vestimenta e a de tema ficam por conta do site, mais precisamente do FÓRUM, já a de hábito e postura, por conta da prefeitura!
“Uma lei municipal, votada esta semana, destina ‘ao historiador que escrever a história completa do Distrito Federal desde os tempos coloniais até a presente época’, aquela valiosa quantia (cinqüenta contos!). O prazo para compor a obra é de cinco anos. O julgamento será confiado a pessoas competentes, a juízo do prefeito.
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Há só dois pontos em que a recente lei me parece defeituosa. O primeiro é o prazo de cinco anos, que acho longo, em vista do preço. ... ... ...
O segundo ponto que me parece defeituoso na lei, é que a competência das pessoas que houverem de julgar a obra, dependa do juízo do prefeito. Nós não sabemos quem será o prefeito daqui a cinco anos; pode ser um droguista, e há duas espécies de droguistas, uns que conhecem da competência literária dos críticos, outros que não. Suponhamos que o eleito é da segunda espécie. Que pessoas escolherá ele para dizer dos méritos da composição? Os seus ajudantes de laboratório?
Eu, se fosse intendente, calculando que a história do Distrito Federal podia esperar ainda dois ou três anos, proporia outro fim a uma parte dos contos de réis. Tem-se escrito muito ultimamente acerca do Padre José Maurício, cujas composições, apesar de louvadas desde meio século e mais, estão sendo devoradas pelas traças. Houve idéia de catalogá-las, repará-las e restaurá-las, e foi citado o nome do Sr. Alberto Nepomuceno como podendo incumbir-se de tal trabalho. Este maestro, em carta que a Gazeta inseriu quinta-feira, lembrou um alvitre que ‘torna a propaganda mais prática, sem nada perder da sua sentimentalidade atual, e põe ao alcance de todos as produções do genial compositor’. O Sr. Nepomuceno desengana que haja editor disposto a imprimir tais obras de graça, empatando, sem esperança de lucro, uma soma não inferior a quarenta contos. A concessão da propriedade é um presente de gregos. O alvitre que propõe, é reduzir para órgão o acompanhamento orquestral das diversas composições e publicá-las. Custaria isto dez contos de réis.
Ora, se o Distrito Federal quisesse divulgar as obras de José Maurício, empregaria nelas os dez contos do método Nepomuceno, ou os quarenta, se lhes desse na cabeça imprimir as obras todas, integralmente. Em ambos os casos ficaríamos esperando o historiador do distrito, salvo se houvesse homem capaz de escrever a história por dez ou ainda por quarenta contos; coisa que me não parece impossível.
(Machado de Assis, A SEMANA)
Ora, eu, se fosse intendente _prefeito _, teria ainda melhor destinação para dar aos contos públicos. Extinguiria, por decreto, a Secretaria da Cultura e encaminharia toda a verba para a Secretaria de Obras Públicas. Com meia dúzia de contos e uma só canetada, solucionaria o problema do conflito de verbas, presentearia a cidade e, ainda, imortalizaria a figura_ e consequentemente a obra_ do reverendíssimo padre José Mauricio Nunes Garcia erguendo-lhe estátua em praça pública. Quanto aos muitos contos restantes....
_ Não é da noite para o dia que se mudam velhos hábitos da Administração Pública...
Ainda que velhos hábitos permaneçam a vestimenta do nosso FÓRUM muda e o novo tema em debate é: “ PROTEÇÃO E PROMOÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL: O PAPEL DOS CIDADÃOS E O DO PODER PÚBLICO".
Para participar da discussão, é só acessar o FÓRUM. Caso ainda queiram contribuir com a preservação e divulgação da obra do padre José Maurício (1767-1830) e da de outros notáveis compositores sem gastar, praticamente, um conto, basta acessar nossa página no Youtube!
A vocês, caros leitores, o nosso ABRAÇO e...
IMMUTEMUR HABITU !!!!
ANTIQUE
Contribuição: Mara Max