MÚSICA & INCLUSÃO: UM BREVE OLHAR

13/04/2019 17:31

Mara Coelho Maximiano

        (Mara Max)

MÚSICA & INCLUSÃO:  UM BREVE OLHAR

 

CONTRIBUIÇÕES DA MÚSICA NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

 

         A música é uma experiência universal. Ao atuar sobre os sentidos, ela é capaz de despertar emoções diversas, contribuindo de forma significativa para o processo de socialização e aprendizagem. Sob esta abordagem, a música se torna também uma ferramenta ímpar no processo de educação inclusiva.

         A educação musical precoce favorece o desenvolvimento e a formação de indivíduos com sinapses cerebrais mais fluidas e conectadas, com maior controle emocional e com melhores níveis de criatividade. Por trabalhar áreas relativas à empatia, a música desperta nos indivíduos a capacidade de melhor compreender a si mesmos e ao outro promovendo, assim, melhorias no processo de autopercepção, de socialização e, consequentemente, de aprendizagem.

         Acredito que a escola seja um ambiente heterogêneo onde crianças, jovens e adultos de variados perfis, habilidades e deficiências se convergem. Neste contexto, a educação deixa de ser um processo totalmente uniforme e transforma-se em uma educação na diversidade. O educador, a fim de promover uma educação inclusiva, deve compreender os educandos, em todas as suas complexidades e, assim, criar um ambiente favorável para que o aprendizado se realize. Sob esta perspectiva, a música pode ser utilizada para contextualizar temas abordados durante a aula. Por relacionar-se com as emoções, a música também cria um sentimento de prazer que auxilia na compreensão e fixação dos conteúdos.

           Na minha opinião, a aula de música é um momento ímpar, pois durante a realização desta atividade, as diferenças se diluem. Cada aluno, dentro das suas capacidades e limitações, contribui de forma singular para a concretização de uma vivência musical mais ampla, onde todos se beneficiam igualmente das sensações, das emoções e conferem significado ao conteúdo temático a ela relacionado.

      Conforme verificado, a música desempenha um papel fundamental no processo de ensino-aprendizagem, podendo ser empregada de maneiras diversas, segundo a finalidade desejada. A educação inclusiva tem na música, portanto, uma ferramenta fundamental para que as metas escolares sejam atingidas de forma lúdica, tendo por centro os educandos e sabendo que cada aluno traz consigo vivências, habilidades e necessidades diversas a serem trabalhadas em um ambiente comum, qual seja: a escola.

 

 

EDUCAÇÃO INCLUSIVA: TERMINOLOGIAS APLICADAS_ do foco na deficiência ao foco no indivíduo

    O histórico das terminologias aplicadas para se referir às pessoas com deficiência remonta aos primeiros esforços direcionados à compreensão das diferentes necessidades relacionadas a estes indivíduos e à forma de melhor inseri-los no contexto social.

    Se, na atualidade, o termo pessoas com deficiência trás para um primeiro plano a pessoa, no passado, muitas das terminologias hoje consideradas politicamente incorretas, tinham por foco a deficiência e não o indivíduo. Desta forma, pessoas com deficiências físicas eram denominados pelo termo “aleijados (as)” ou por outros que traduzissem de forma evidente e, por vezes, pejorativas a deficiência física em questão.

    No campo das deficiências intelectuais ou mentais, a evolução dos termos também revela trajetória parecida.  Se, no século XIX, o médico Britânico John Langdon Down, empregou o termo mongoloide para ressaltar a semelhança física existente entre indivíduos portadores da síndrome de Down (trissomia do cromossomo 21) e pessoas da raça asiática, ao ser utilizada pelo público em geral, a terminologia logo ganhou um cunho pejorativo, pois tornou-se sinônimo de pessoas com comprometimento intelectual.

    O Termo “Excepcional” foi um outro termo amplamente utilizado entre as décadas de 50 e 70 para se referir a pessoas com comprometimento intelectual. Posteriormente, com os avanços decorrentes de estudos relacionados às habilidades intelectuais positivas, ao longo dos anos 80 e 90, o termo passou a designar também pessoas com inteligências múltiplas acima da média.

    Se o termo “deficiente”, por antepor a deficiência ao indivíduo, tem uma conotação pejorativa, devendo ser, portanto, evitado, o termo “especial”, por sua vez, comtempla um contingente maior de indivíduos a exemplo de idosos, gestantes, obesos, não sendo, portanto, o termo mais adequado para se referir especificamente às pessoas com deficiência. Mas o termo pessoas portadoras de necessidades especiais, ainda que inclua um contingente maior de indivíduos, ainda é utilizado para designar cursos da área de saúde cujo foco é a capacitação de profissionais para atender pessoas com deficiência. A título de exemplo, temos o curso de capacitação da USP para atendimento às pessoas portadoras de necessidades especiais assim como alguns cargos públicos na área da saúde destinados a este fim.

    Na atualidade, entretanto, a tendência é a transferência de foco da deficiência para o indivíduo. Desta forma, a terminologia considerada a mais adequada nos dias atuais é “pessoa com deficiência”, pois sob esta nova perspectiva, o indivíduo se projeta e assume preponderância sobre a deficiência da qual é acometido.

 

 

( * ) Mara Coelho Maximiano cursa Licenciatura em Música na UNINCOR e é menbro do ANTIQUE

   *    Artigo escrito para a disciplina PRÁTICA DE FORMAÇÃO-EDUCAÇÃO INCLUSIVA/UNINCOR

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