SERIALISMO

18/06/2018 14:35

Mara Coelho Maximiano

     (Mara Max)

schoenberg e o dodecafonismo

 

Um breve olhar pela história da música é capaz de revelar que todos os períodos guardam entre si uma similaridade, qual seja: a necessidade de se produzir algo novo. A uma inquietação inicial do espírito humano, somam-se as mudanças socioeconômicas e culturais que imprimem novas perspectivas e valores às antigas percepções. Com o alvorecer o século XX, o romantismo, com fortes harmonias estruturadas sobre um tonalismo musical, já não mais atendia aos anseios de uma população assobrada por incertezas. Neste panorama, as contribuições de Schoenberg despontam como uma alternativa à produção musical nascente sobre bases atonais.

 

Ainda que em seu trabalho Schoenberg tenha partido de um questionamento da música tonal, o serialismo não se confunde com música atonal livre, uma vez que Schoenberg se apoiou em regras para estruturar seu trabalho. Segundo esta perspectiva, às sete notas da escala diatônica se contraporiam os dozes sons presentes em uma sequência cromática. O dodecafonismo estruturado por Schoenberg parte de uma série criada com 12 sons, sendo que uma nota só poderia se repetir após serem apresentadas todas as demais. Para organizar a utilização da escala, este compositor propunha uma apresentação inicial da série e suas variações representadas pela série retrógrada, isto é, a série inicial lida de trás para diante; a série invertida, em que ocorreriam inversões nos intervalos e a série invertida retrógrada, representada pela série invertida lida de trás para diante.

 

Esta quebra de paradigmas proposta por Schoenberg já havia sido considerada, ainda que de forma menos intensa, por compositores como Wagner, Claude Debussy e Stravinsky. Fato que já sinalizava para uma insatisfação com as regras musicais vinculadas ao tonalismo vigente. Ainda que o sistema criado por Schoenberg tenha ultrapassado e muito as fronteiras alemãs, ele teve um impacto menos expressivo que aquele imaginado pelo compositor, mas dois nomes se destacaram como propagadores dos trabalhos de Schoenberg: Alban Berg e Anton Webern. Se o primeiro buscou incorporar novos elementos ao dodecafonismo, o segundo manteve-se fiel aos preceitos do mestre. Mas, para além dos trabalhos de Schoenberg, o emprego de séries na composição musical continuou a ganhar projeção e novas interpretações na música moderna, a exemplo do serialismo integral_ em que uma série é utilizada para organizar todos os parâmetros de sons de uma peça.

 

Neste primeiro quarto do século XXI, uma releitura das contribuições de Schoenberg confirma que o dodecafonismo, como tantas outras manifestações artísticas que floresceram no limiar do século XX, não foi a única forma de romper com o tradicionalismo vigente, mas sim uma das formas por meio da qual as artes, e a música em particular, refletiram as angustias e contradições de um século.

 

( * ) Mara Coelho Maximiano cursa Licenciatura em Música na UNINCOR e é menbro do ANTIQUE

   *    Artigo escrito para a disciplina História da Música/UNINCOR

   *  Adicionar e visualizar  comentários 

© 2011 Todos os direitos reservados.

Crie um site grátisWebnode