TROVADORISMO MUSICAL

14/06/2018 21:06

Mara Coelho Maximiano

   (Mara Max)

          O Trovadorismo Musical

 

O Trovadorismo foi um estilo de época predominante na Baixa Idade Média (séc. XII ao XIV), momento de decadência do feudalismo e de reativação das trocas comerciais. Esta quebra de antigos paradigmas encontrou reflexo no campo das artes, tendo no Trovadorismo a representação da  primeira escola literária portuguesa, mas seu domínio se estendeu também para o campo da música.

 

Os trovadores eram geralmente representantes da nobreza, poetas ou cantores cujas obras eram escritas à mão e agrupadas nos “Cancioneiros” _ uma coletânea de canções. Dos cancioneiros de que se têm conhecimento, distinguem-se três: o “Cancioneiro da Ajuda”, o “Cancioneiro da Biblioteca” e o “Cancioneiro da Vaticana”. Além dos trovadores, responsáveis tanto pela composição quanto pela execução das peças, destacam-se também, neste período, alguns tipos de intérpretes, a exemplo dos jograis, constituídos por pessoas não pertencentes à nobreza, mas que interpretavam aquelas obras e, às vezes, compunham as próprias. Os Segréis se assemelhariam aos jograis por saber executar obras alheias e compor suas próprias, mas a origem de seus representantes mantinha vínculo com a nobreza decadente.

 

Durante o Trovadorismo, as produções poéticas eram cantadas e acompanhadas por instrumentos musicais simples e, por isso, denominavam-se cantigas. Nos cancioneiros, é possível reconhecer dois tipos característicos de cantigas: as Líricas (cantigas de amor e de amigos) e as Satíricas (cantigas de escárnio e de maldizer). A “Cantiga da Ribeirinha”, de Paio Soares de Taveiros (1189) marca este período.

 

 Ao analisar-se as cantigas do gênero Lírico, temos o amor como temática. Nas Cantigas de Amor, observa-se um eu lírico masculino. Nestas cantigas, os homens geralmente cantavam um amor não correspondido, estando a mulher situada em um plano superior. De fato, esta relação representava também a própria relação de vassalagem em que se fundamentou o feudalismo, estando o servo, portanto, subordinado ao seu senhor. No caso, o amor masculino se subordinaria ao feminino.  Nas Cantigas de Amigo, embora os trovadores fossem homens, o eu lírico era feminino e cantava a saudade que as mulheres sentiam de seus amados que partiam para as guerras ou para as cruzadas. Neste tipo de cantiga, o eu lírico feminino contava com um confidente, geralmente representado por Deus, pela mãe, por uma amiga ou por algum elemento da natureza a quem a fala se direcionava. Estruturalmente estas cantigas eram mais simples que as de amor.

 

No gênero Satírico, as cantigas provinham do povo e serviam para ridicularizar situações e pessoas da época. Neste gênero, destacam-se as Cantigas de Escárnio e de Mal dizer. Nestas últimas, o nome ou as características marcantes das pessoas a quem se dirigiam as canções eram diretamente evidenciadas. Nas de Escárnio, a crítica era mais sutil.

 

Conforme observado, o Trovadorismo, ao associar letra e melodia, trouxe significativa contribuição para as artes em geral e para o desenvolvimento musical da época.

 

( * ) Mara Coelho Maximiano cursa Licenciatura em Música na UNINCOR e é menbro do ANTIQUE

   *    Artigo escrito para a disciplina História da Música/UNINCOR

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